Nada melhor que começar um blog de veneno com a escalpelização de uma das maiores pérolas da música nacional
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José Cid - A pouco e pouco"Vá lá, são sete e meia, amor, e tens que ir trabalhar.
Acordas-me com um beijo e um sorriso no olhar.
E levantas-me da cama, depois tiras-me o pijama,
Faço a barba e dá na rádio o Zé Cid a cantar.
Apanho um autocarro, vou a pensar em ti
que levas os miúdos ao jardim infantil.
Chego à repartição, dou um beijo no escrivão
E nem toco a secretária que é tão boa.
(refrão)A pouco e pouco se constrói um grande amor,De coisas tão pequenas e banais,Basta um sorriso, um simples olharUm modo de amar a dois.Um modo de amar a dois.E às 5 e meia em ponto, telefonas-me a dizer.
Não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer. (
voz de gaja quase a vir-se)
Faz-me favas com chouriço, o meu prato favorito.
Quando chego p’ra jantar, quase nem acredito.
Vestiste-te de branco, uma flor nos cabelos
Os miúdos na cama e acendeste a fogueira.
Vou ficar a vida inteira a viver dessa maneira,
Eu e tu, e tu e eu, e tu e eu e tu.
(refrão 2 vezes)"Ora bem....(para verem o clip original podem ir ao blog
Tusabar)...que há dizer sobre o caso??
O autor refere que esta música foi originalmente composta como uma crítica à sociedade dos anos 70, especialmente à classe média existente na altura!
Considero que podem haver outras formas igualmente legítimas de olhar para esta letra, senão vejamos:
"(...)Vá lá, são sete e meia, amor, e tens que ir trabalhar.
Acordas-me com um beijo e um sorriso no olhar.
E levantas-me da cama, depois tiras-me o pijama,
Faço a barba e dá na rádio o Zé Cid a cantar.(...)"Esta parte ainda está de acordo com a crítica à sociedade, a subserviência da esposa, o facto de ter de estar sempre bem disposta e pronta para tudo o que o marido quer!
Agora a parte de o Zé Cid na rádio a cantar é que já é um pouco mau....significa que a tacanhez que o autor deseja retratar na sociedade também reflecte que tal classe média o ouve a ele...hummm, estranho mas pronto,...
Apanho um autocarro, vou a pensar em ti
que levas os miúdos ao jardim infantil.
Chego à repartição, dou um beijo no escrivão
E nem toco a secretária que é tão boa.Aqui é que já é entrada a pés juntos e canela até ao pescoço...um gajo tá muito apaixonado e chega à repartição (dica óbvia ao crescente peso do estado na economia) e dá um beijo no escrivão!?!?! HÃÃÃÃ!?!? ainda por cima no clip é um gajo de bigode (que provavelmente tem restos do jantar do dia de ontem) e ignora a secretária que é tão boa (pronto, se primeiro um gajo dá um beijo no escrivão então é natural que vá ignorar a secretária que é suposto ser boa...) mas isto não é crítica, é mesmo de ROTO!!!!!!
(refrão) A pouco e pouco se constrói um grande amor, De coisas tão pequenas e banais, Basta um sorriso, um simples olhar Um modo de amar a doisUm modo de amar a doisEsta é a parte mais simples da música...refrão à Festival Eurovisão da canção, com boa melodia (um pouco lamechas, é verdade!!!) mas mesmo assim serve para dar alguma seriedade à coisa...se bem que a esta altura do campeonato o ouvinte já está por tudo...
E às 5 e meia em ponto, telefonas-me a dizer. Não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer. (voz de gaja quase a vir-se) Faz-me favas com chouriço, o meu prato favorito. Quando chego p’ra jantar, quase nem acredito. Isto agora foi mesmo para matar...se o animal já estava ferido, isto foi a estocada final. O problema é que mesmo assim a ferida não consegue mortal porque a música continua, mas que deve doer que se farta, lá isso deve! às 5 e meia em ponto (que raio de precisão da hora).....
o desespero na voz da gaja é daquelas que tem de ser ouvido...ela parece estar-se a esvair em sentimentos de perda imensa e saudade infinita (quase shakespeareana) e que não aguenta mais viver e tá desesperada e que precisa de fazer alguma coisa para agradar ao marido!! Aqui se detecta o machismo latente na letra (e não estou a falar da crítica que ele quis fazer, estou mesmo a falar do que se transmiste ao tentar transmitir a crítica - muito mais à frente esta!!!).
E eis senão quando, PENALTY Sr. Árbitro....PENALTY....
FAVAS COM CHOURIÇO!?!?!?!!?
Uooooouuu isto é muito duro...acabei de ser abalroado por um camião TIR a 300 kms/h e depois banhado em alcóol (e tou a falar daquele de 95%, não tou a falar de vodka)! Ele diz que Favas com chouriço foi a forma que arranjou para demonstrar a mediocridicidade da sociedade da época...em que as mulheres valorizavam umas coisas e os homens outras...mas pensar em FAVAS COM CHOURIÇO!?!!?!? epá, uma mente muito rebuscada....nós aqui não somos especialistas na matéria e por isso vou-me socorrer mais tarde da nossa especialista Sra. Dra. Professora Assistente Psicóloga Criminal para afirmar que é PERTURBADOR!!! PERTURBADOR!! no mínimo.....
Vestiste-te de branco, uma flor nos cabelos Os miúdos na cama e acendeste a fogueira. Vou ficar a vida inteira a viver dessa maneira, Eu e tu, e tu e eu, e tu e eu e tu. (refrão 2 vezes)" Nesta fase o quase-morto já está a estrubuchar com convulsões mas mesmo assim ainda leva pontapés e dos violentos...Apelos à virgindade e a visões de beleza clássica...de mulher extremosa e dedicada e no meio uma fogueira (de onde é que saiu este elemento???) que eu saiba na década de 70, uma família que tivesse uma casa com lareira NÃO ERA CLASSE MÉDIA!! Ou era podre de rica ou podre de pobre!!! A classe média não tinha lareiras em casa, a não ser quando os putos decidiam fazer fogueiras na sala ou na varanda...a não ser que a fogueira fosse o bico do gás aberto ou então um camping gaz!!!!
E finalmente, diz que quer ficar a vida inteira a viver assim...
- Homossexual não assumido
- Esquizofrénico
- Delirante
- vive com a branca de neve mas sonha em comer os 7 anões
- gostos dúbios na alimentação
- perda do sentido de realidade (fogueiras não são de classe média, a não ser aquelas à beira da estrada com a toalha aos quadrados e garrafão de 5 litros ao lado)
Mas no fundo é uma música que não poderia passar em claro ao Blog do Veneno!!